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SURFE

Italo Ferreira e Caitlin Simmers quebram a mesmice e dominam as ondas artificiais de Abu Dhabi

Pressão e medo de errar fazem com que surfistas arrisquem pouco e não busquem inovar, tornando as apresentações repetitivas

21/02/2025 10h07Atualizado há 4 meses
Por: Redação
Fonte: GloboEsporte.com

Até choveu no deserto, mas nada tiraria o título da primeira etapa da WSL disputada na piscina de ondas de Abu Dhabi do brasileiro Italo Ferreira. O campeão olímpico foi dominante e deu um show na segunda prova da temporada, derrotou o indonésio Rio Waida na final e assumiu a liderança do ranking, voltando a vestir a lycra amarela depois de quatro anos. Como na primeira etapa, em Pipeline, o Brasil colocou três surfistas no final day: Miguel Pupo, que repetiu o quinto lugar de Pipeline, mesma colocação de Yago Dora. Italo lidera o ranking e Miguel ocupa a terceira colocação. Yan Gouveia, em nono, e Filipe Toledo, em décimo, estão no top 10.

No feminino, assim como no masculino, a vitória ficou com a surfista mais ousada e que dominou a competição desde o começo. Campeã na piscina do Kelly Slater em 2023, a americana Caitlin Simmers mostrou que está um degrau acima das demais em ondas artificiais. Atual campeão e vencedora em Pipe, a americana consolidou sua liderança no ranking.

As brasileiras Tatiana Weston-Weeb e Luana Silva não passaram da repescagem e repetiram o nono lugar de Pipeline. Vão precisar buscar a recuperação em Portugal, na Praia de Super Tubos, em Peniche. O Tour vai sair das ondas feitas sob medida de Abu Dhabi para as imprevisíveis do fundo de areia de Portugal, onde os brasileiros, inclusive a Tati, têm bom histórico.

Já expus minha opinião sobre campeonatos em piscinas de ondas em outras colunas. É aquela coisa: é legal, mas chato, ou chato, mas legal. Escolham a ordem dos fatores. Acho super válido o circuito ter UMA etapa em ondas artificiais, mas a disputa perde alguns componentes ligados intrinsicamente à essência do surfe. Ganha alguns outros, é verdade, mas não me empolga, pelo menos até um surfista como Italo ou Caitlin Simmers entrar na água.

Os dois campeões foram os que ousaram um pouco mais, mudaram a linha e a rotina em ondas e se destacaram desde as primeiras baterias. Concordo com o Italo quando ele fala que a piscina oferece oportunidades iguais para os surfistas e mostra as qualidades e os defeitos de cada um. Porém, é um desfile de ondas surfadas praticamente da mesma maneira, sem emoção e imprevisibilidade, me lembrando as competições de hipismo ou air race, por exemplo. Uma pista onde os atletas apresentam suas “rotinas” em cada onda.

Quando surgiram as competições em piscinas, imaginava-se que veríamos inovações nas apresentações, mas o que acontece é justamente o contrário. Por causa da pressão por não errar e perder a longa onda, a disputa nas piscinas tem mais componentes emocionais e físicos, com pouco espaço para se assumir riscos e inovar.

Para não falar que tudo fica dentro do script, em Abu Dhabi tivemos até a competição em espera por meia hora, por causa de vento forte e tempestade de areia. Outra situação inacreditável para um ambiente controlado aconteceu nas oitavas de final, na bateria entre Filipe Toledo e Kanoa Igarashi. Em desvantagem, Filipe, em sua última direita, perdeu as quilhas num choque com o fotógrafo brasileiro Thiago Diz, que trabalha para a WSL. Apesar de irritado no momento, Filipe entendeu a situação e pouco depois já estava abraçando o fotógrafo.

 

Além de Filipe, outro favorito a ficar pelo caminho foi o americano Griffin Colapinto, que em 2023 derrotou Italo na final na piscina do Kelly Slater. As surpresas positiva foram o finalista Rio Waida, que abusou da velocidade de seu surfe par chegar à final, superando Ethan Ewing na semifinal, e o australiano Jack Robinson, derrotado pelo Italo na outra semi.

 

Vamos à tradicional análise:

 

Italo Ferreira (campeão) – O Brabo mostrou que os treinos na piscina do Boa Vista Village Club, em São Paulo, não foram em vão. Há dois anos, ele perdeu a final para Griffin na piscina do Kelly em bateria muito polêmica. Sentindo-se injustiçado, Italo chegou a Abu Dhabi com a derrota ainda na garganta e seria impossível tirar o título dele, que fez os três maiores somatórios da competição, sendo dois acima de 17 pontos.

Na bateria de estreia, num dia em que os surfistas ainda pareciam estar se adaptando às ondas e sofrendo um pouco mais com o vento nas direitas, Italo surfou o suficiente para passar em primeiro, com 12,90, jogando o indonésio Bronson Meydi (11,30) e o australiano Joel Vaughan (10,50) para a repescagem.

Nas disputas homem-a-homem, o desempenho do campeão olímpico foi melhorando a cada bateria. Nas oitavas, enfrentou o perigoso brasileiro Mateus Herdy e não deu chances para o convidado da etapa, com 15,17 pontos, sendo 8,50 na esquerda e 6,17 na direita, enquanto Herdy marcou 12,60.

Foi a última bateria abaixo do critério excelente. Nas quartas, outro surfista perigoso, que vinha fazendo ótimo campeonato, Kanoa Igarashi, não chegou a assustar. Com 9,13 na esquerda e 7,67 na direita, marcou 16,80, contra 13,30 do japonês.

O australiano Jack Robinson, algoz dos brasileiros em tantas situações, surpreendeu ao chegar às semifinais, um pouco ajudado por duas baterias relativamente fáceis nas fases anteriores e um vacilo enorme do Yago Dora nas quartas de final. Enquanto Italo estava surfando para a casa do excelente, Robinson foi avançando com menos de 14 pontos em suas vitórias. O australiano arriscou tudo o que podia, deu aéreos e invertidas em pontos críticos da onda, mas do outro lado tinha o Italo. Em sua melhor bateria, o brasileiro fez 9,20 na esquerda e 8,17 na direita para somar 17,37, contra 15,03.

A final foi um passeio. Rio Waida entrou na água primeiro e conseguiu 6,17 na direita e 7,83 na esquerda. Parecia que poderia estar na disputa, pois tinha condições de melhorar a direita, direção que surfa de frente para onda. Porém, Italo repetiu a linha que fizera na segunda direita da bateria anterior, ignorando o tubo, que estava meio prejudicado por causa do vento, e atacando com batidas retas de backside, invertendo a rabeta. Espancou a onda e marcou 8,67, talvez a maior pontuação de um surfista de costas para onda na competição. Com uma esquerda com dois aéreos no fim da onda, fez 8,60 e chegou a 17,27. Waida ainda tinha mais uma chance, vinha muito bem na direita, mas errou uma manobra e perdeu a onda.

Festa para Italo, que voltou à água com uma bandeira do Brasil, surfou a direita de base trocada, de frete para onda, e a esquerda com a bandeira desfraldada, inspirado em Ayrton Senna.

Miguel Pupo (quinto) – Miguelito começou o ano muito bem, repetindo a quinta colocação de Pipe, mas na bateria de estreia ele ficou em segundo e teve de ir para a repescagem, disputada à noite. Com 6,0 na direita e 5,5 na esquerda, ficou com 11,30 pontos. O havaiano Jackson Bunch, que depois faria a maior nota do campeonato, um 9,23, passou em primeiro com 13,10. Campeão no Havaí, Barron Mamiya ficou em terceiro, com 11,06.

 

A repescagem é duríssima. São apenas quatro vagas para 24 surfistas, que voltaram à piscina à noite para surfar mais uma onda para cada lado, e apenas a melhor seria levada em consideração. Miguel foi o melhor de todos, com uma esquerda 7,77, e avançou para as oitavas.

O brasileiro passou pelo sul-africano Jordy Smith com 13,34 (7,17 na esquerda e 6,17 na direita), com direito a emoção. Jordy fez 8,17 na direita, mas caiu na esquerda e ficou com 11,50. Na bateria seguinte, fez um duelo de surfe polido e fluído com o australiano Ethan Ewing, que venceu por 14,50 a 12,20.

Yago Dora (quinto) – Um bom resultado, algumas boas esquerdas e uma decepção enorme nas quartas-de-final. Sempre um nome forte na piscina, Yago repetiu a colocação que teve em três competições nas ondas artificiais do Surf Ranch, mostrando mais uma vez que precisa melhorar nas direitas e a força mental.

Venceu a bateria de estreia contra Samuel Pupo e Cole Houshmand, teoricamente dois adversários perigosos. Yago foi eficiente e passou com 12,20 (7,0 na esquerda e 5,20 na direita). O catarinense melhorou seu desempenho para derrotar Joel Vaughan nas oitavas com 7,77 na esquerda e 5,90 na direita: 13,67 a 12,67.

Nas quartas de final contra o amigo Jack Robinson, ficou numa boa situação ao marcar 8,67 na esquerda e foi para a segunda volta precisando de apenas 5,16 na direita para vencer. Bastava fazer uma ondinha sem riscos para conseguir a nota, mas o brasileiro errou mesmo sem arriscar e foi eliminado com 13,20, contra 13,83 do australiano.

Filipe Toledo (nono) – Começou mostrando que estava na briga e que poderia repetir os bons desempenhos na piscina, fazendo o segundo mais somatório da fase e vencendo a bateria de estreia com 14,50 (7,83 na direita e 6,67 na esquerda), deixando Yan Gouveia em segundo, com 10,03 e o francês Marco Mignot em terceiro, com 8,77.

Nas oitavas, estava em desvantagem em relação ao Kanoa Igarashi quando aconteceu o incidente com o fotógrafo quase na finalização de sua segunda direita. Tentava tirar a diferença para o japonês, mas a onda já não estava sendo boa. Sem saber se teria direito ou não de uma outra direita, foi para a esquerda precisando de uma nota acima de nove, sem cabeça, e parou nas oitavas. Kanoa marcou 15,77 contra 12,60 do brasileiro.

Deivid Silva (nono) – DVD foi para repescagem ao ficar em terceiro em sua bateria e uma das menores notas da primeira fase, 8,57. Jordy foi o primeiro, com 11,77, e Seth Moniz o segundo, com 8,97. Um dos primeiros a cair na água na repescagem, marcou logo 7,40 na sua esquerda e passou com a terceira melhor nota. Porém, nas oitavas, sentiu a pressão para buscar as notas de Ethan Ewing e foi derrotado pelo australiano por 13,60 a 8,80.

Mates Herdy (nono) – Assim como DVD e Miguel, precisou ir para a repescagem, depois de ficar em segundo para Ethan Ewing na primeira fase, marcando 12,17, contra 13,73 do australiano. Na sessão noturna, o convidado da organização pegou a última vaga das quatro, com 7,37. Nas oitavas, teve nada mais nada menos do que Italo pela frente e se despediu da competição.

Samuel, Ian Gouveia, João Chianca, Alejo Muniz, Edgard Groggia (17º lugar) – Com exceção de Samuca, que ficou na beirinha, com a quinta colocação na repescagem e quase conseguiu uma vaga, os demais tiveram atuações fracas, mas têm tudo para irem melhor em Portugal.

Tatiana Weston-Weeb e Luana Silva (nono) – Assim como essa turma aí decima, ficaram devendo e foram eliminadas na repescagem.

 

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