Ian Gouveia precisou lidar com as derrotas e as vitórias durante os seis anos que batalhou na "segunda divisão" do Circuito Mundial de Surfe. Precisava acreditar e trabalhar duro para conseguir o que tanto sonhava: retornar à elite do surfe e competir novamente ao lado dos maiores nomes do esporte. Ele conseguiu. Aos 32 anos, o catarinense se classificou em segundo lugar no Challenger Series da WSL e garantiu vaga na próxima temporada do CT ao lado de Gabriel Medina, Filipe Toledo e Italo Ferreira.
Dos dez competidores que se classificaram para a elite do surfe pelo Challenger Series, seis são brasileiros. Ian Gouveia, Samuel Pupo, Miguel Pupo, Alejo Muniz, Deivid Silva e Edgard Groggia mostraram que a "Tempestade Brasileira" está longe de acabar. Os seis se juntam aos cinco que já estavam garantidos no ano que vem: Gabriel Medina, João Chianca, Filipe Toledo, Yago Dora e Italo Ferreira.
- Realmente é uma felicidade enorme em estar vivenciando isso novamente depois de seis anos fora do circuito mundial. Conquistar essa vaga de volta é muito gratificante e ter essa nova oportunidade. Ainda mais da forma que foi. Brazilian Storm renascendo inteiro. Depois de um corte drástico na temporada , sobraram só três. Gabriel, Italo e Yago. Quando a galera achou que tivesse acabado o "Brazilian Storm", conseguimos classificar seis atletas no Challenger para o ano que vem. Então, é muito legal fazer parte disso - comemorou Ian Gouveia.
O filho de Fábio Gouveia, ídolo do surfe brasileiro, fez um ano espetacular no Challenger Series: chegou às quartas de final nas duas etapas australianas (Gold Coast e Sydney), foi campeão na África do Sul e terminou nas oitavas no US Open, em Huntington Beach, na Califórnia. Mesmo sem participar das últimas duas etapas em Portugal e em Saquarema por conta de uma lesão, se garantiu em segundo lugar do ranking do CS com tranquilidade.
Era um ano de tudo ou nada para Ian Gouveia. Em entrevista para o ge, o surfista confessou que se não conseguisse a vaga neste ano, provavelmente iria se aposentar das competições. Foram seis anos tentando entrar novamente na elite do surfe novamente, e catarinense deu o último gás nesse ano. Deu certo, mas mesmo se não conseguisse a vaga, Ian Gouveia não lamentaria, tem orgulho de toda a sua carreira.
- É um desafio enorme, mas eu consegui me manter firme e forte. Confesso que nesse último ano eu já estava me preparando para parar, mas nada frustrado com a minha carreira. Estou super tranquilo com minha carreira, super feliz com tudo que já tinha conquistado, tudo que já tinha vivenciado. Realmente eu estava pensando em encerrar e aos poucos sair do cenário da competição, mas fui para o tudo ou nada. Vou fazer de tudo para entrar e se não der certo, valeu e um abraço. Acabou que o tudo ou nada deu certo e foi tudo - confessou Ian Gouveia.
Desde 2018 você vem tentando entra na elite do surfe mundial. Como foi para você lidar com as derrotas e transformar isso tudo na conquista da vaga pro CT?
- Realmente foi uma longa estrada. Assim que eu saí do circuito, eu já comecei a correr atrás e ajustar os pontos que eu precisava para voltar para o CT e no meio disso teve pandemia. Enfrentei muitas lesões nesse tempo. Assim como eu, o Alejo ficou mais tempo ainda, ficou 8 anos. A gente veio para mostrar que se ficar ali batalhando não tem erro. Uma hora você consegue, não é para desistir. Não tem essa, quem faz tudo certinho, uma hora bate na porta e entra. Foi isso que aconteceu comigo e com o Alejo esse ano. Curioso para saber o que a gente pode fazer esse ano depois desse tempo fora.
Você pensou em desistir alguma hora?
- Com certeza o lado da família pesa. A gente tem que ir bem nos eventos para botar comida em casa, comprar fralda. Isso sempre era uma motivação, né. A responsabilidade de ser um pai de casa, mas também dos nossos sonhos. A gente fez isso a vida inteiro para estar lá dentro do CT, que é onde tudo acontece, é onde faz a diferença na vida de um surfista competidor. É um desafio enorme, mas eu consegui me manter firme e forte. Confesso que nesse último ano eu já estava me preparando para parar, mas nada frustrado com a minha carreira. Estou super tranquilo com minha carreira, super feliz com tudo que já tinha conquistado, tudo que já tinha vivenciado. Realmente eu estava pensando em encerrar e aos poucos sair do cenário da competição, mas fui para o tudo ou nada. Vou fazer de tudo para entrar e se não der certo, valeu e um abraço. Acabou que o tudo ou nada deu certo e foi tudo.
Você retorna depois de 6 anos para o tour. Agora com mais idade e mais experiência, como é que você vai encarar essa nova fase com a cabeça que tem hoje em dia?
- Realmente eu sou um outro atleta, sou uma outra pessoa. Eu venho para esse circuito de 2025 com muito mais bagagem que no ano de 2017 e 2018. Estou um pouquinho mais preparado. Me sinto muito bem, muita coisa aconteceu nesse tempo. Foram dois ciclos olímpicos de surfe, muita visibilidade. Tudo cresceu demais em comparação de quando eu estava no circuito há seis, sete anos. É um cenário muito mais forte. A maioria dos atletas quando eu estava no tour saiu. Agora tem novos atletas lá, então os que estão lá no circuito são atletas que eu já competi. Não tem nada de mistério como era na primeira vez que eu entrei que ainda tinham caras como Mick, Kelly, Joe Parkinson. Aquela geração que ficou ali por muito tempo. Eu estou tranquilo, de igual para igual, sabendo que eu posso conquistar os melhores resultados possíveis e bem confiante.
Agora o formato do CT está bem diferente da época em que você competia. Tem o corte, piscina de ondas… Quais são as suas expectativas para esse ano?
- Realmente é um circuito novo, está diferente do que eu já participei. Esse lance do corte, eu acho que as pessoas que estavam lá dentro do corte receberam uma dureza a mais. Pegou bastante no mental da galera. Eu particularmente venho bem preparado, não venho com receio ou algo do tipo. Venho super tranquilo quanto a isso. Logicamente com o decorrer das etapas, vai tendo a situação dos resultados e pode surgir algum receio, mas venho preparado para encarar o corte. Nem fico pensando nisso. Eu estou muito amarradão. Poder vestir a lycra em Pipeline de novo. Agora Pipeline é a primeira do ano e não era antes. Voltar a pegar onda boa em competição, porque no Challenger não tem. No CT é o "dream tour" mesmo. É onde a gente compete, pega mar clássico.
Você volta para o circuito junto com Alejo e Miguel, seus amigos desde o início da carreira. O quão especial é para você?
- Realmente são muitos anos viajando com as mesmas pessoas. E de coincidir de todo mundo ir bem no mesmo ano e se classificar. Ter a oportunidade de estar lá no CT juntos vai ser demais. A gente ficou o ano inteiro torcendo um pelo outro. A galera já fica na expectativa de juntar todo mundo no Havaí na primeira etapa. É o palco principal, onde a gente sonha estar.
A partir do próximo ano, você vai trazer uma novidade nas pranchas. Vai usar uma película mais inovadora. Você acha que essa tecnologia pode ser revolucionária para o seu surfe e pode te ajudar nos resultados do ano que vem?
- Está sendo muito legal de entrar para a família da Shark Coat. Realmente é bem revolucionário no mundo do surfe. Estou super empolgado em testar no Havaí. Acho que o Shark Coat vai poder agregar muito para mim na onda de Pipeline. Já é comprovado que aumenta a velocidade da remada em 30%. Eu sou um cara que tem o braço pequeno, então o que puder me ajudar na remada ali em Pipeline vai ser super importante. Acredito que nas ondas tubulares o shark coat pode desempenhar super bem. Pode desempenhar super bem atravessando aquela bola de espuma dentro do tubo. Se isso confirmar, vai ser um diferencial, porque quando a gente está no tubo geralmente o derruba a gente é essa bola de espuma. Sou o primeiro surfista do mundo inteiro a ter esse privilégio de usar e fazer esses testes. É algo que pode mudar a história do surfe.
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