Bronze em Paris, Ana Cristina chora ao lembrar de dispensa da seleção: "Não me via mais jogando"
Em entrevista ao canal "Ataque e defesa", ponteira diz que encarava conflitos internos quando pediu para não disputar o Campeonato Mundial de vôlei, em 2022
Aos 20 anos, Ana Cristina já é uma das principais jogadoras da seleção feminina de vôlei e tem duas medalhas olímpicas: prata em Tóquio 2020 e bronze em Paris 2024. Desde cedo, desperta atenção pelo talento nas quadras e gera expectativa dos torcedores brasileiros. Mas, há dois anos, passou por um momento bastante complicado, que resultou em pedido de dispensa do Campeonato Mundial. A decisão causou polêmica na época, e a ponteira voltou a comentar o assunto em entrevista ao canal “Ataque e defesa”, no sábado (24). Ana abriu o jogo e deu declarações fortes, especialmente sobre como o período foi difícil no aspecto mental.
– A pressão (que já vinha da expectativa de outras pessoas) aumentou dentro de mim também. (Eu vivia com) Muitos conflitos internos. Na seleção, tive algumas oportunidades, mas não estava jogando. Na Turquia, dava 100% todos os dias, e chegou um momento em que fiquei esgotada. Foi isso que aconteceu – relatou a atleta, antes de completar:
– O momento decisivo foi em uma etapa da VNL (Liga das Nações), na Bulgária. Eu estava na arquibancada, olhava para a quadra e não conseguia mais me ver dentro dela. Até me emociono. Não conseguia mais me ver jogando. Tinha 17, 18 anos na época. Eu pensava: 'tenho que passar por isso, continuar jogando sem querer jogar?'.
Desconectada do vôlei, algo que sempre amou, Ana Cristina disse que a decisão de pedir dispensa da seleção brasileira veio da necessidade de se colocar em primeiro lugar. “A ponto de explodir”, a jogadora recorreu a acompanhamento psicológico e tomou remédios para tratamento de quadro depressivo.
De acordo com Ana Cristina, o tempo em que esteve focada em si mesma foi essencial para retomar a carreira com tranquilidade. Voltou a jogar pelo Fenerbahçe, clube que defende na Turquia, e, em 2023, vestiu a camisa da seleção brasileira novamente.
– Pude me reconectar comigo e fui para o meu clube com outra cabeça. Voltei a ter prazer naquilo que eu fazia. Foi um momento especial de reconexão com o vôlei também. Retornei para a seleção muito mais madura, feliz e com a certeza de que poderia ajudar o time – contou.
Desde o ano passado, Ana Cristina vem se consolidando como peça de confiança do técnico José Roberto Guimarães na seleção. Foi titular nas campanhas da Liga das Nações e das Olimpíadas de 2024. Terminou como quinta maior pontuadora dos Jogos de Paris, derrubando 97 bolas, e a segunda melhor sacadora, com seis aces.
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