No domingo (11), a seleção feminina de vôlei da Itália conquistou o ouro nas Olimpíadas de Paris, e aconteceu a inauguração de um mural em Roma, com homenagem a Paola Egonu. A pintura mostrava a atleta, eleita MVP do torneio olímpico, lançando uma bola, na qual se lia a mensagem “pare com o racismo, ódio, xenofobia e ignorância”. Um dia depois, no entanto, a imagem acabou vandalizada. Não é mais possível ler a frase, e a cor da pele de Egonu foi alterada.
Capitão da seleção masculina da Itália, o levantador Simone Giannelli foi às redes sociais para protestar contra o vandalismo e exaltar a importância de Egonu:
– As pessoas que fizeram isso não merecem ser chamadas assim. São sem coração, sem dignidade e sem humanidade. Paola, não se preocupe com eles, quem for responsável cuidará disso (espero que sim). Você é uma grande campeã olímpica – publicou.
Mas, aos poucos, conforme se firmou entre as melhoras jogadoras do mundo, adotou o combate ao racismo como lema de vida. Pensou em deixar a seleção italiana em 2022, logo após a conquista de uma medalha de bronze no Campeonato Mundial. Mesmo naquela época, com a equipe já no pódio, a jogadora sofria cobranças descabidas.
Em 2018, Egonu ainda se tornou alvo de homofobia. Depois de um jogo, beijou a polonesa Katarzyna Skorupa, sua namorada à época. Mais uma vez, lutou contra as ofensas e cobrou respeito.
Com posicionamentos firmes fora das quadras, Egonu nunca deixou de brilhar dentro delas. Acumulou conquistas e prêmios individuais. Eleita melhor jogadora das Olimpíadas, ela foi a principal sacadora da competição, com sete aces, e ficou empatada com a brasileira Gabi na segunda posição do ranking de pontuadoras (110 pontos). Só na decisão, contra os Estados Unidos, derrubou 22 bolas, mais do que qualquer outra atleta em quadra.
O mural em homenagem a Egonu foi feito pela artista de rua Laika, bem em frente à sede do Comitê Olímpico da Itália. A obra recebeu o nome de “Italianità” (“Italianidade”, em tradução livre).
– No nosso país, já não há espaço para a xenofobia, o racismo, o ódio e a intolerância. O racismo é uma praga social que deve ser derrotada. Fazer isso por meio do esporte é muito importante. Acredito num futuro de inclusão, acolhimento e respeito pelos direitos humanos. Ser representado por atletas como Paola Egonu, Myriam Sylla (de origem marfinense), Ekaterina Antropova (nascida na Islândia, de origem russa) é uma honra. Vê-las com a medalha mais preciosa dos Jogos Olímpicos pendurada no pescoço enquanto cantam emocionadas o hino italiano é uma alegria imensa. Dedico este cartaz a todos os italianos não reconhecidos como tal pelo nosso Estado – escreveu Laika, antes de o vandalismo acontecer.
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